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O Kakumei é meu porto seguro no meio do mar revolto da internet desde 2006. Como toda navegante, eu sempre volto pro Kakumei e pro mar de nadas da internet. Bem-vinde ♥

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Tenie. CDF e nerd, muito cansada. Gosto de gatos e livros (e HQs), de sorvete e milkshake, coisas fofas e coisas assustadoras, playlists estilo Alpha FM. Sempre amei blogar pelo prazer de fazer um post, escolher os gifs, comentar nos bloguinhos amigos, e ficar de boas nesse semi-anonimato.

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Arte de Solanin (Asano Inio, 2005-06)
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To the childhood I lost replaced by fear
written by Tenie at segunda-feira, 29 de maio de 2023

True Faith - New Order (Lotte Kestner cover)

Achei que nunca voltaria para cá. Bom, a boa filha retorna, de novo.
Muita coisa aconteceu desde o último post. A minha cabeça melhorou muito, o que significa que minha vida melhorou também.

Eu nunca pensei que teria estabilidade emotional na vida, e eu tenho um pouco mais agora. Passou a ideia insistente de sumir e morrer; não sou mais assombrada constantemente a ideia fixa de que meu destino era uma morte induzida aos 20 e poucos, e que qualquer tempo a mais seria um distúrbio, um problema, e por isso que minha vida era ruim. Porque eu tinha vivido além da minha serventia.

Que ideia!

Tem algo de agoniante em estar estável. Fico sempre pensando quando tudo vai dar errado de novo, quando eu vou descobrir que na verdade meu destino é uma agonia sem fim, uma dor que não passa, que ninguém vê e ninguém acredita. Eu não aprendi a lidar com a paz de espírito, com as coisas sem serem muito altas ou muito baixas, muito boas ou muito ruins. Fico esperando o pior acontecer, fico esperando eu descobrir que nasci irremediavelmente quebrada, que não há cura pro meu defeito.

Mas eu penso em me destruir cada vez menos, às vezes nem penso. Me pergunto se isso é porque eu consegui coisas que eu queria, ou se eu realmente desatei nós em mim nos últimos anos.

Terapia, remédios, remédios, terapia. Ainda bem. Crise atrás de crise, até que foi passando, foi assentando. Idiotas em apps de namoro, larguei as redes sociais. Larguei de esperar, de espiar, de ficar pensando se a vida de certas pessoas é melhor que a minha e porquê elas mereciam tal coisa.

Perdi minha avó. Ela não me viu assim, bem. Mais bem que não, acho que já seria bom o bastante. Aconteceram muitas coisas de saúde. Eu fui internada por COVID-19 em 2020. Eu saí do hospital. Minha avó não.

Eu estou bem. Eu senti falta desta tela, dos códigos, das coisas. Eu não queria nada e, aos poucos, eu quero de novo algumas coisas. Algumas saudades.

Entrei na pós-graduação. Nunca realize seus sonhos nem conheça seus ídolos. Tudo enche o saco quando você precisa trabalhar. Tem dias que eu acho que nunca vou me formar, vou ficar nessa pindura de grana pra sempre, vou dever a alma pra agência de fomento. Que eu nunca vou sair do quartinho onde eu cresci.

Eu só gosto do meu mestrado quando estou em sala de aula. Só quando eu aprendo e ensino, ensino e aprendo. Só na sala me importa. Meu projeto... Eu odeio ele. Eu nunca mais vou querer ler se eu me formar.

Só quero um trampo. Pra sair de casa, pagar minhas contas, estar longe daqui. Às vezes tudo o que eu assentei na terapia em 3 anos vai pra merda por um minuto de conversa com a minha família.

Às vezes, um pensamento meu e meu progresso entra em suspensão por algumas horas, alguns dias. Depois eu melhoro, a vida segue.

É bom que eu não quero mais morrer. Não ligo se meus bullies estão vivos por aí. Não penso muito mais nos amores que fracassaram, alguns nem o nome lembro mais. Alguns eram só eu mesma, com coisas na minha cabeça procurando algo, algo pra ter um barato e depois querer morrer.

É muito bom não querer mais morrer.

É melhor ainda nunca mais precisar ser criança ou adolescente, nunca mais sob a unha dos meus pais, nunca mais à mercê de adultos imbecis e sádicos, nunca mais precisar aguentar as pessoas com quem eu cresci. Agora aguentar, só pagando bem.

Talvez nem isso.

É, é bom estar aqui agora.

Eu não tinha nada pra dizer, acho. Acho que não queria dizer nada. Só queria que alguma coisa me ouvisse. Estranhamente, o código, as palavras, um lugar virtual e esquecido, isso me ouve. Um pedaço de código me ouve quando eu falo. E tem algum conforto nisso.




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