O Kakumei é meu porto seguro no meio do mar revolto da internet desde 2006. Como toda navegante, eu sempre volto pro Kakumei e pro mar de nadas da internet. Seja bem-vinde ♥
1. Os 3 melhores livros que você leu até agora, neste ano.
Romances:
A cantiga dos pássaros e das serpentes (COLLINS, 2023):
Um prequel sem propósito é um livro que não vale seu tempo. É um
desbunde em construção de vilão e de atar pontas entre o material
original e o novo material. É o meu favorito do ano.
Saboroso cadáver (BAZTERRICA, 2022):
Acho que este livro é o que chamam de visceral? De todas as histórias
de canibalismo atuais, foi a que mais me acertou em cheio. Não sei falar
dela sem dar spoilers.
Na escuridão da mente (TREMBLAY, 2017): Que horror! Que mistério! Que livro! E que tradução imperdoável de título.
Se for contar como 75% do ano, então Querida Konbini entra como número um da lista e o Tremblay sairia.
Contos/Antologias:
This is where we talk things out (MARCEAU, 2022): É o thriller mais aterrorizante que eu já li, e o mais impiedoso também. Faz Misery parecer brincadeira.
O papel de parede amarelo (em O papel de parede amarelo e outros contos, PERKINS GILMAN, 2019):
Mais horror feminino e feminista. Quando você vê, ficou biruleibe
também. Diz muito sobre como mulheres são taxadas de malucas e como a
opinião de todos sobre uma mulher importa, mas a opinião da própria não
vale nada.
A cabeça (em Coelho Maldito, CHUNG, 2024):
Eu frequentemente penso neste conto. Sobre como tudo que uma mulher
oferece é considerado lixo e depois ela mesma vira lixo perante a
sociedade. Eu penso um pouco demais nos contos da Chung Bora, inclusive.
2. As melhores continuações que você leu até agora, neste ano.
Aqui só vai ter Suzanne Collins, porque só li continuação dela: Amanhecer na Colheita (COLLINS, 2025) como continuação de A cantiga dos pássaros e das serpentes.
Se
Suzanne Collins está fazendo isso pela grana, ela pode continuar me
extorquindo, porque os livros são impecáveis e de uma qualidade
altíssima. Isso foi uma coisa que me fez virar a cara pra Cantiga quando
saiu: todo mundo agora lança prequel e elas geralmente são ruins. Até
algumas continuações tardias, como as de Crônicas Vampirescas, são muito
duvidosas.
Achei Cantiga muito melhor que Amanhecer, mas as duas
leituras foram excelentes. Acho muito adequado que Snow tenha sua
história contada porque ele é um antagonista incrível e um contraponto
para Katniss. Haymitch é uma continuação adequada porque ele é
complementar à Katniss – e, portanto, um contraponto ao Snow.
Eu fiquei três dias pensando direto no que eu tinha lido quando acabei.
3. Lançamentos do primeiro semestre que você ainda não leu, mas quer muito.
Dos que eu tenho aqui em casa, vou considerar como primeiro semestre: Obscuro, da Larissa Prado, e minha opinião é que ele tem tudo pra ser um futuro queridinho; e Os horrores de Mary Shelley, que traz contos novos da autora e, bom, eu amo essa mulher. Não sei se são do primeiro semestre, mas lançados este ano eu quero ler Uma garota mágica se aposenta, de Park Seolyeon (estou tão morta de vontade de ler que não me imagino não gostando dele), e Inimigo imortal, de Tigest Girma (meu palpite prévio é que eu provavelmente não vou gostar).
4. O livro mais aguardado do segundo semestre.
Um empate entre Odisseia Estelar, de Kim Bo-Young (meu pitaco é que eu vou amar este livro), e O tempo das cerejas, de Montserrat Roig (esse é uma caixinha de surpresa, não sei o que esperar, mas quero muito ler).
5. Os 3 livros que mais te decepcionaram este ano.
Alguns caem pelas expectativas altas demais, outros só porque são ruins mesmo.
Vox (DALCHER,
2018) era um que eu queria muito ler há muito tempo. Ele prova que é
fácil transformar crítica feminista em torture porn. E nem é um livro
interessante, é um livro bastante chato, com uma protagonista chata que
tem um marido chato e um amante chato, e que teria sido muito mais querida se tivesse sufocado o filho com um travesseiro. Vox é pobre, fraco, carece em níveis anêmicos da elegância e humanidade de O conto da Aia (ATWOOD, 2017) ou de Kindred
(BUTLER, 2017). Sem falar que o pico do feminismo branco mandou um
hellou nesse livro… É ridículo, eu passei tanto ódio lendo, TANTO ÓDIO!
Velhos demais para morrer (MARIANO, 2021)
foi um que eu gostei tanto da premissa de um mundo que mata as pessoas
quando elas ficam idosas e de idosos criando sua própria resistência,
mas não rolou pra mim. Sem falar que a revisão do livro estava de
centavos. Odeio repetir que adereçar é de adereço, endereçar é de
direcionar algo a algum lugar ou alguém. Isso não me sai da cabeça. O
final foi broxado.
Vampiros nunca envelhecem
(VÁRIOS, 2022) me provou que não dá pra recriar a febre vampiresca dos
anos 2000. Nunca mais vamos nos divertir tanto. As tentativas de tornar
os contos progressistas e diversos funcionou em alguns contos e falhou
miseravelmente em outros, como o primeiro, que quanto mais o conto tenta
mostrar que não é sobre um homem velho aliciando uma garotinha para
virar vampira, mais parece um velho nojento aliciando uma menininha que
só porque faz sexo pensa que é menos vulnerável. E as organizadoras
meteram tanto o bico, mas tanto o bico, que achava melhor elas pegarem e
escreverem um livro ao invés de ficar roubando o holofote des autores.
Muita gente ali virou nome non-grato pra mim. Um livro rosa com uma
caveirA DE GLITTER NUNCA QUE PODIA SER RUIM!!!! POR QUÊ?????
Agora, Tag dos 75% neles: Tiveram dois livros que recentemente me desapontaram.
WOOM (RALSTON, 2017) sempre figura nas listas de
livros mais hardcore, assustadores, chocantes e nojentos dos Youtubers e
bloggers de literatura de horror, então fui seca nele. Como diria
Columbia no clássico The Rocky Horror Picture Show: He’s okay. Até menos
que okay, é até abaixo da média. Tem seus momentos, mas foi tão
medíocre que só ficou a decepção mesmo. Nem revoltada, eu fiquei. Só
broxada mesmo.
The summer I turned pretty (HAN,
2009) foi um dos primeiros livros que me fez querer ler em inglês. E eu
finalmente li o livro e achei decepcionante. Eu me identifico com o
jeito mimado e resmungão de Belly, mas entendo que ela é chata e, por
muitas vezes, é insuportável. A forma como a narrativa se desdobra para
favorecer um par romântico específico é irritante e espelha o jeito como
Belly distorce a realidade em favor de seu crush (mas as coisas que
acontecem estão fora do escopo de Belly e são a autora mesmo criando
vários Deus Ex Machina amorosos). Enfim, altas expectativas dão nisso.
6. Agora 3 livros que só foram ruins mesmo.
O veneno do caracol (MARINHO, 2023) é só ruim mesmo.
Ele tinha uma escrita agradável, mas não saberia contar uma história
nem que precisasse tirar a mãe da forca! Não li livro mais
mal-estruturado e mal… Mal escrito mesmo, não sei outra palavra para
descrever esse trem descarrilhado. Tá prontinho pra ser um filme ruim
estrelando Marina Ruy Barbosa (a protagonista tem a mesma capacidade de
expressão e articulação que a Marina atuando), Topete Roitman atual
(mesma capacidade de fazer uma caricatura monótona) e Shay Suede porque
precisa de um homem bonito com cara de coitado. Aproveita e bota a Sandy
e o Tony Ramos também, pra dar uma inflada no orçamento. Sei lá.
Wonderland (HILLIER,
2024) tem uma edição linda em português, mas GRAZADEUS EU LI NO KINDLE
UNLIMITED E NÃO PAGUEI 80 PAUS NESSA PORCARIA! Da linha thrillers que
não juntam lé com cré, além de tudo temos umas cenas de sexo cringe num
nível…. Uó. Só é ruim mesmo, não merece nem que eu me alongue aqui.
Os fantasmas da baía Looking Glass (WARD, 2025) prova que você pode se tornar chata, incoerente e tirar plot twists do cu (FALEI MESMO)
já no seu segundo livro, não precisa estar no quinto ou sexto igual à
mulher d’A empregada. O livro é chato. Chato, chato, chato… E aí vem a
grande revelação: NÃO É A GRANDE REVELAÇÃO AINDA! Essa faz sentido, só é
idiota. AÍ VEM A SEGUNDA REVELAÇÃO:
NÃO FAZ NENHUM SENTIDO! NÃO FAZ SENTIDO! FOI TIRADA DO RABO! NADA NA NARRATIVA CONSTRÓI ESSA REVIRAVOLTA!!!! É RIDÍCULO!
Uma
perda de tempo de vida. Se a Catriona Ward vai seguir nessa linha,
melhor vender os direitos de Rua Needless e viver de merch. É, se
aposenta, filha. Muda de gênero, sei lá… Mistério não vai dar desse
jeito.
7. Os 3 livros que mais te surpreenderam este ano.
PRE-PA-RA que eu vou apagar a luz e deixar tudo escuro!
Por um corredor escuro
(DUNCAN, 2021. Originalmente publicado em 1974 e atualizado nos anos
2010) tinha tudo para ser um YA chatinho tipo o filme Eu sei o que vocês
fizeram no verão passado – também baseado em um livro da Lois Duncan –
MAS NÃO! É um YA inteligente, que não te menospreza, e muito bem
escrito. Eu mandei ele embora porque uma leitura era suficiente, mas é
uma leitura de entrada ótima para jovens.
Na escuridão da mente
(TREMBLAY, 2017) me pegou de surpresa. Foi construindo a trama na
maciotinha, quando eu vi, eu queria voltar tudo e reler porque eu
precisava ver a história sabendo o que eu sabia agora. Porque estava lá o
tempo todo??? É um horror sensacional.
O último livro não tem escuro no título, buuuu.
Coelho Maldito (CHUNG, 2024) tem contos incríveis e foi impossível de parar de ler.
Menção honrosa para A cantiga dos pássaros e das serpentes, não dava nada por ele e li loucamente até me acabar.
Agora, Tag dos 75%: Querida Konbini (MURATA, 2018) foi uma grata surpresa. Comprei despretensiosamente porque gostei da capa e porque gosto de literatura japonesa, mas não esperava amar o livro. Que livro delícia! Uma história carismática sobre como a sociedade impõe papéis às pessoas e como não se encaixar não significa infelicidade, não significa não se aceitar. Favorito instantâneo pra mim, quero ler tudo dela!
8. Novos autores favoritos (que lançaram seus primeiros livros neste semestre, ou que você conheceu recentemente).
Murata Sayaka com sua Querida Konbini (doida pra ler Terráqueos, que todo mundo diz ser um must do horror e da weird fiction).
Chung Bora com seu Coelho Maldito (contos imperdíveis para refletir a mulher e principalmente a mulher velha na sociedade).
Paul Tremblay com Na escuridão da mente (chamado A head full of ghosts em inglês e EU NÃO PERDOO ESSA TRADUÇÃO!!!!).
9. Um livro que te fez chorar nesse primeiro semestre.
Não lembro bem, mas acho que Todo esse tempo (DAUGHTRY & LIPPINCOTT, 2020), que eu não curti muito, e Claros sinais de loucura (HARRINGTON, 2014), que eu curti bastante, me tiraram umas lágrimas discretas. Pelo menos, eu lembro de terem me deixado um tiquinho movida.
10. Um livro que te deixou feliz neste primeiro semestre.
Rotten Tommy (SODERGREN, 2024). Nunca me diverti tanto com um livro esquisito que eu nem gostei tanto, mas eu penso nele e eu me diverti tanto? Mas tanto! That’s the woof (KING, The Sausage).
11. Quais livros você precisa ou quer muito ler até o final do ano?
Quero muito terminar minha releitura de A ilha do Dr. Moreau (H.G. Wells) para poder ler A filha do louco (SHEPHERD, 2014) e A filha do Dr. Moreau (MORENO-GARCIA,
2023) ainda este ano. Quero ver se consigo terminar HEX, de Thomas Olde
Heuvelt (2018), antes que o ano termine também.
Preciso terminar Drácula (Bram Stoker) e pelo menos começar Orgulho e preconceito
(Jane Austen) porque tem releituras deles que quero ler e, bom, como
posso ser uma vampire girlie sem ler meus vampiros e minhas mulheres
precursoras? Nada disso! Esses dois estão agrupados porque são duas
leituras que vou fazer pela Skeelo e eu acho a formatação deles ruim pra
ler, então vai ser um desafio.
E esses foram meus 75% deste ano. Vejamos o que os outros 25% reservam.
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