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Sejam bem-vindas ao Kakumei, criaturas da noite! Este é meu porto seguro no meio do mar revolto da internet e dos meus sentimentos desde 2006. Como toda navegante, eu sempre volto pro Kakumei e pro mar de nadas da internet.
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Mestra Tenie dos Horrores. Touro, INFJ, 4w5. Nerd e CDF.
Atualmente sou de Exaustas. Padawan em TI, a despeito dos meus dois diplomas.
Gosto de gatos e livros (e HQs), de sorvete e milkshake, coisas fofas e coisas assustadoras, musicais com canibais ou fantasmas da ópera. Sempre amei blogar pelo prazer de fazer um post, escolher os gifs, comentar nos bloguinhos amigos, e ficar de boas nesse semi-anonimato.


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Créditos
Arte: AYUNOKO e QIAN DREAMING
Photoshop e VSCode: Edição
Imgur: Hospedagem

Três mississipis entre átomos reais e universos de mentira
written by Tenie at sexta-feira, 17 de maio de 2024

Bom, hoje decidi que um poema era a pedida. Eu só publiquei uma história aqui, neste post, em um desafio do TOGETHER, mas era um continho. Não era um poema.
Acreditem, eu não escrevo poemas, e mesmo assim, eu continuo escrevendo... Vai entender. Acho que talento nunca foi necessário para fazer algo na privacidade do seu próprio blog.

Não esqueça que
Um dia
Em uma galáxia muito distante
Nós tomamos o Mercador da Noite
E viajamos por entre as estrelas,
Contra inimigos reais demais
Para uma história
E morremos em uma explosão
Estupidamente barulhenta
No meio do espaço sideral.

 

Não esqueça que
Um dia
Em um presente que nunca existiu
O metano era gás zumbificador
E nós lutamos contra os mortos
Depois de apresentar
Um PPT de matar
Na aula de Gestão
Enquanto os mortos-vivos
Faziam sua digestão
E nunca soubemos o final
Acho que morríamos também.
Eu tentaria,
Mesmo sabendo, mesmo morrendo,
Eu gostaria de salvar vocês.

 

Não esqueça que
Um dia
Conhecemos os deuses e seus ajudantes
O inefável e insondável
Tartarugas cósmicas e tsurus de papel de caderno
Brincamos de criar universos tão amigos entre si
Quanto nós
Nós éramos deuses infantis e inocentes
Deslumbrados com todas as explosões
Que criamos e poderíamos criar
Que não podiam nos matar.

 

Três Mississipis ou mais em um abraço,
Eu sinto seu coração mesmo debaixo do oceano.

 

Não esqueço dos vampiros
Que andavam sob o sol
Em uma sala de aula distante,
Tão, tão longe
E o laço deles, em nossa inocência, era família
Ao invés de associação.
Não se esqueça, por favor,
Das músicas de bandas que nunca existiram
Do jazz suave do outro lado do mundo
De dramáticas histórias de amor sobre
Motocicletas e meninas órfãs.

 

Eu me lembro
Do lápis que trabalha,
A borracha que retoca,
Segura a mão assim, preciso ver uma coisa
Os dias quentes dentro de uma sala
No centro da cidade
Quando a gente era criança
(mesmo achando que não era mais criança)
As histórias que te contei
As fanfics sem qualquer propósito ou sentido
Você nunca achou nenhuma idiota?
Obrigada por nunca ter rido de mim.

 

E eu digo a mim mesma:
Não esqueça que
Um dia
Eu chorei e vocês me ouviram
Eu gritei e vocês vieram
Eu não podia ser redimida
E vocês não me desertaram mesmo assim.


Se agora tudo é silêncio,
Eu também aceito, eu me calo.

 

Três Mississipis ou mais
Em um único abraço,
Eu digo a mim mesma
Quando dói o coração
E as mensagens nunca chegam

 

Se agora tudo é silêncio,
Eu também aceito, eu me calo.
Porque um dia,
Eu me lembro,
Todos os mundos foram nossos.

 

Uma sala que pega todo o sol da Liberdade
Todas as possibilidades deste mundo,
E dos outros,
Em uma folha de papel,
Na ponta dos nossos lápis,
Camiseta listrada e jeans,
Vestidinho rosa e leggings lilás.

 

Um auditório e um piano,
Deitamos no chão e ouvimos nosso pianista fabuloso
Em uma EACH que eu desconheço
Tão distante e brutal quanto o vento
Nos vãos abertos
Do Titanic


Ou um lugar na rampa
Da universidade da cidade,
Nômades três vezes na semana
Eu nunca tinha tido amigos de verdade.

 

Se agora tudo é silêncio,
Eu também aceito, eu me calo.
Porque o amor que eu sinto
É fiel e espera
Mesmo que nada haja para esperar.

 

Não se esqueça, eu digo
Que quando você me abraça,
Eu ouço seu coração
Debaixo dos setes palmos de vida entre nós.

 

Mesmo que o mundo seja cínico
Mesmo que o tempo tenha passado
Mesmo que tenhamos olhado dentro de abismos
E para estrelas que não existem mais
Nós nunca mais seremos o que fomos


Mesmo que você tenha
Saído de casa, voltado pra casa,
Fugido, recapturado,
Casado, separado,
Amado e deixado,
Deixado de amar,
Perdido dinheiro,
Ganhado dinheiro,
Adotado gatos, feito uma tatuagem
Mudado de cidade,
Xingado o governo,
Excluído suas redes sociais,
Quase morrido
(Mas não este ano)
Ou nunca mais criado uma história
Eu ainda estou aqui.

 

Eu ainda lembro
De cruzadores pelas estrelas,
AIs que amam e destroem,
De panteões de Entidades das mais esquisitas
E dos mortais que os desafiaram,
De sinais que abrem portais
E mudam visões,
De monstros modernos
E modos medievais,
De zumbis com deadlines
Bandas de mentira
(que definitivamente eram Emo,
não importa o que eu dissesse com 13 anos),
Amores ao primeiro quase atropelamento,
Vampiros éticos e acordos demoníacos em acostamentos

 

Vocês foram a minha família.
Um cadáver esquisito
Pedaços disso, peças daquilo
Nem vivo, nem morto
Nem orgânico, nem metal
Nem bom, nem mau
Um equilíbrio:
Ausente,
Mas sempre comigo.

 

Não se esqueça, eu digo:
Vocês são a minha família.
E o meu amor é fiel,
Mesmo que eu mesma não seja
Virtuosa em coisa alguma.

 

Não se esqueça.
Respira e conta:
Um
Dois
Três
Um, dois...

Agora levanta e anda,
O caminho está adiante.

Eu penso todos os dias
Nas conversas que mudaram minha vida

 

No MSN
Por SMS
No Skype
No Zap
Nos comentários do UOL Blog
Em bilhetinhos rasgados do caderno
Em salas vazias da EACH
Escondidos na cantina da Educação
Nas escadas da AreaE

 

Eu lembro que,
Mesmo que isso seja adeus,
Eu ainda me sinto sua melhor amiga
E eu ainda vou sentir isso

 

Mesmo quando meus dentes caírem,
Mesmo quando minha memória for morrendo devagarinho,
Mesmo que a gente nunca mais se veja,
Mesmo que não exista nada quando tudo acabar

 

Meus átomos vão te amar
Como átomos amam e lembram
Mesmo que isso seja adeus.

 

Eu sempre morro no final, não é?
(Não neste ano, porém)

 

Enfim, é só uma história. Muitas histórias, acho, sobre coisas que aconteceram e a dor de se sentir sozinha porque a vida está no meio de todo mundo e eu não sei como as pessoas ainda têm amigos ativos e regulares e... Sei lá. Eu não presto pra isso.
Ah, sim, claro. Eu depositei minha dissertação. Agora eu espero.
[Edit: aproveitei e troquei o layout. Queria uma coisa mais colorida, mas achei que ia ficar muito esquisito, não tava combinando com a imagem... Enfim. Ficamos agora com a minha vontade imensa de fazer layouts bonitos de novo. Chateada porque eu tava namorando essa fanart há dias, pensando nas possibilidades....]
Até lá, se cuide.
Kisus

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